quarta-feira, 8 de junho de 2011

Chutando o pau da barraca.

Sabe aquela decisão que você fica a vida toda certa de que é o melhor para você e quando finalmente pode toma-la e seguir em frente fica com medo? Então com esse medo ela deixa de ser uma decisão e se torna uma idéia e você vai perder muito tempo para criar coragem e seguir em frente, e quando você enfim concretizar a idéia, vai doer mais e terá conseqüências mais drásticas. E o pior de tudo, aos olhos de outras pessoas, ela deixará de ser uma decisão sua e que te fará bem, eles a enxergarão como "O chute no pau da barraca".

Ai começa o novo capitulo da minha vida que vou dividir com vocês agora: EU CHUTEI O PAU DA MINHA BARRACA. Acredito já ter citado em post's anteriores que minha mãe faleceu quando eu tinha 10 anos de idade, e como eu nunca gostei de morar com meu pai devido a algumas incompatibilidade de pensamentos e excesso de mulheres entrando e saindo da vida dele e atrapalhando a minha, eu fui morar com minha irmã mais velha, porém, a mesma irmã era casada e tinha dois filhos e apesar de toda boa vontade em algum tempo acabei me tornando um peso a mais e decidir ir morar com meu pai. Porém mesmo indo morar com meu pai a minha idéia fixa era "fazer 18 anos de idade e sumir de lá, ou para morar com meus irmãos por parte de mãe ou morar sozinha", 7 anos depois de ir morar com o Sr. papai eu completei a tão sonhada maioridade e adivinhem: não tive coragem de sair de casa por vários e distintos motivos, entre eles estavam a perda da vida classe média-alta, ter que cortar relações com alguns parentes que jamais entenderiam e por ai vai. 
Mais o tempo foi passando e meses depois da maioridade comecei a ter sérios problemas que irei contando nos próximos post's, entre os problemas mais sérios estavam o fato de que eu decidi "sair do armário" e me assumir gay e ter começado a usar drogas excessivamente como forma de curar a depressão que adquirir por falta de apoio, compreensão e blá blá blá (Acreditem se assumir gay é muito difícil e isso fica muito pior e doloroso quando você não pode contar com ninguém). Os meses foram se passando e tudo só piorando, meu pai como forma de me "retransformar" em heterossexual me trancou dentro de casa e não me deixava ir nem na padaria, até que ele descobriu que eu não tinha terminado com minha namorada e ainda era gay, então ele descobriu aonde ela trabalhava e fez com que ela perdesse o emprego e isso deixou minha raiva incontrolável. Foi o meu limite para tudo que estava acontecendo comigo mesma. Então finalmente tomei minha decisão, liguei para minha irmã e contei tudo e perguntei "Posso morar com você? Você me aceita gay?" e a resposta foi um caloroso "Sim, eu te entende e te aceito porque te amo". No dia seguinte eu estava dentro de um ônibus com uma mochila, uma mala de viagem e 3 sacolas de lixo cheias de roupas e calçados que conseguir carregar para casa da minha irmã.
Sinceramente, eu perdi muita coisa: Luxo, um quarto só pra mim, dinheiro sempre, casa grande, e o meu emprego, pois trabalhava com meu pai e a minha irmã paterna, mas em troca eu ganhei dignidade, carinho, amor e o principal força para me livrar da depressão. Eu perdi um pai, mais eu perdi um pai que o máximo que fez por mim foi jogar na minha cara que não me aceitaria como filha nunca, já ele perdeu a unica das quatro filhas que ele teve que ajudava em tudo e que sempre esteve ao lado dele, mesmo que não querendo estar lá eu sempre estive por ele, então, eu realmente acho que ele perdeu mais que eu. E hoje, já tendo alguns meses que estou na minha vida nova e recomeçando do zero, estou mais feliz, estou leve e não sinto nenhuma falta daquela barraca que destruí com um chute, pois ela era feita de madeira fraca e palha e a qualquer momento ia desmoronar na minha cabeça, mas eu fui mais esperta e sai de dentro dela antes que ela desmoronasse.

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